Potiguar comemora aniversário no próprio túmulo em cemitério no RN: ‘Aqui vai ser minha futura casa’

Beto Fera comemorou aniversário de 56 anos em cemitério em Caicó — Foto: Cardoso Silva

Foto: Cardoso Silva

Há quem goste de comemorar o próprio aniversário dentro de casa com a família. Tem também aqueles que preferem uma viagem, e ainda os que optam por confraternizar com os amigos em um bar ou restaurante. As opções são muitas. Mas a escolha do potiguar Alberto José de Souza, morador de Caicó, na Região Seridó do Rio Grande do Norte, é um das mais inusitadas possíveis.

O pintor automotivo decidiu comemorar a chegada dos seus 56 anos, nesta terça-feira (23), no cemitério. O mais curioso é que a festa aconteceu em cima do próprio túmulo, que já foi construído por ele para o dia em que morrer.

Ao contrário do que pode sugerir o ambiente, o clima foi de alegria. O festejo no cemitério Campo Jorge, no Centro de Caicó, teve direito a bolo, refrigerante e o tradicional “Parabéns pra você”.

Cerca de 10 pessoas, entre amigos e familiares, comemoraram o dia com Beto Fera, como é mais conhecido.

“Eu gosto de fazer uma coisa diferenciada de todos. Eu faço um aniversário diferenciado. O povo faz com festa bebida. Eu não bebo, não fumo. Então me reúno naquela hora ali com os amigos, bolo, refrigerante, a velinha do bolo acesa. E assim é minha vida”, disse. “Eu faço no cemitério porque aqui vai ser a minha futura casa”, completou.

Comemorar o aniversário em um cemitério sempre foi um sonho, segundo o pintor automotivo. E o projeto é que nos próximos anos essa tradição continue. “Sempre eu sonhei ter um túmulo desse. Eu quero que quando eu morrer minha família continue com essa tradição”, disse.

Há cerca de nove anos, ele construiu o próprio túmulo – do jeito que gostaria e com recursos próprios – após ganhar o espaço da madrinha, quando o padrinho teve os restos mortais transferidos para outro cemitério.

“Desde pequeno que eu tinha essa vontade de fazer um túmulo pra mim. Toda a vida eu admirei cemitério. E fui juntando dinheiro, trabalhando, até que cheguei a comprar todos os materiais e construi meu próprio túmulo, que é para quando eu morrer não dar trabalho para ninguém. E se transformou nessa linda casa. Sei que essa casa é minha, não é de ninguém”, falou.

“A gente como mora nas casas da gente, quando pensa que não o dono chega e diz que vai precisar da casa. Essa casa aqui [túmulo] eu sei que é minha”, falou.

O túmulo de Beto tem, inclusive, uma foto dele mesmo feita em estúdio, que fica exposta aos visitantes. Isso gera confusão em amigos e conhecidos, que, por vezes, ao visitarem o cemitério, acreditam que o pintor já tenha morrido.

G1 RN

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