Opinião: É preciso uma política de arborização para o centro

Aproveitando que estamos na Semana do Meio Ambiente, comemorada nacionalmente na primeira semana do mês de junho, é preciso destacar que o centro do município de Macaíba necessita de uma política de arborização e um maior planejamento urbano. Dados coletados nas praças, canteiros, calçadas e vias públicas no ano de 2021, mostram que 77% das espécies arbóreas são de origem exóticas e 23% de nativas.

Em relação a localização das espécies nativas, a maioria estão nas praças (85%), nos canteiros (11%) e calçadas (4%), nenhuma espécie foi encontrada em via pública. O fato chama atenção, pois evidência que não houve plano de urbanização com foco nas espécies nativas no centro da cidade.

De acordo com o levantamento deste estudo, a maioria das espécies estão localizadas em praças. São 207 indivíduos (Árvores de porte pequeno e médio) distribuídos em sete praças, totalizando 65,51% das árvores identificadas. O segundo maior percentual de árvores no centro estão localizadas nas calçadas, sendo 18,35%, nos canteiros 14,24% e
nas vias foram quantificadas apenas 1,9%.

As árvores localizadas nas praças têm a utilidade para o embelezamento, paisagismo e sombra. As árvores das calçadas têm como foco principal a produção de sombra e conforto térmico para as residências. Em relação as ruas e avenidas do centro da cidade, foi possível constatar não somente visualmente como nos números a ausência de árvores, fruto da falta de uma política de arborização e planejamento urbano.

As árvores são importantes não só no ponto de vista de paisagismo, mas principalmente para o conforto técnico, além de atrair a fauna como fonte de alimentação e abrigo de animais.

Quanto a conflitos ou problemas causados pelo local do plantio da árvore ou pela espécie escolhida para determinado espaço, foi constatado que o maior problema causado pela arborização está em relação a quebra de calçadas no centro de Macaíba. De acordo com o levantamento, 9% dos indivíduos plantados, quebraram a estrutura no qual estavam inseridas.

Destaca-se nesse ponto as espécies Azadirachta indica A. Juss e Fícus benjamina como principais indivíduos que quebraram ou danificaram calçadas. Vale destacar que a copa da espécie Fícus benjaminatem tem grande potencial para atingir a rede elétrica caso não seja feito nenhum tipo de manejo durante o seu crescimento, pois os portes das árvores desta espécie estão acima de 10 metros.

O crescimento das raízes horizontalmente foi o principal causador da quebra das calçadas. Os locais onde essas espécies foram plantadas tinham espaçamento menor que dois metros quadrados. Recomenda-se que o plantio dessas espécies em um espaçamento maior, devido ao crescimento de suas raízes. Não foram encontrados conflitos de árvores com rede elétrica ou rede de esgoto.

Com esses dados fica evidente que o centro da cidade necessita de um plano de arborização urbana, principalmente para mudar o cenário da predominância de espécies exóticas, além de fazer um planejamento para evitar o plantio de espécies que venham a acarretar em danos nas calçadas e na rede elétrica.

Esses dados podem ser consultados na Biblioteca Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Por Mário Victor

Engenheiro Florestal

Administrador