Certamente sentiremos falta do Barack Obama. Nos últimos anos, ao vê-lo agindo ou falando, mesmo no contexto de suas dificuldades e limitações históricas, institucionais e políticas, tivemos a impressão contínua de que estávamos diante de alguém empenhado em ser coerente e manter seus princípios, integrando intenção e ação na sua prática política.
Obama conseguiu, a duras penas, alguns avanços fundamentais. Houve uma melhora sensível na posição dos Estados Unidos sobre mudanças climáticas, nas suas relações internacionais -negociações com a China e melhor disposição para acordos multilaterais- e também nas políticas internas, com investimentos na limpeza de sua matriz energética. Iniciou a construção de um sistema público de saúde (atraso histórico dos EUA), a mudança no relacionamento com Cuba, relações econômicas e diplomáticas mais respeitosas com os vizinhos da América Latina e muitos outros exemplos de um período de distensionamento da predisposição bélica do governo de George W. Bush, o presidente anterior. Obama enfrentou o racismo, o preconceito e a discriminação; trabalhou para reduzir as desigualdades de gênero (com a lei Lilly Ledbetter de combate à discriminação salarial entre homens e mulheres); manteve viva a força da esperança e de que apesar dos desafios – “sim, nós podemos”.
Infelizmente, no presidente eleito, Donald Trump, demonstra disposição de andar em direção contrária. O mundo vive a expectativa de novas turbulências. Esperemos que o sentimento democrático, profundamente enraizado na história e na cultura do povo norte-americano, prevaleça e impeça maiores retrocessos.