
Por Freitas Júnior
Que o Brasil vislumbrava um horizonte difícil, isso era previsível, bastava ver os lemas das candidaturas, Aécio invocava o “Muda Brasil” do seu avó Tancredo, Eduardo e depois Marina falavam em “Coragem para mudar o Brasil” e a própria Dilma usava “Muda mais” e “Mais mudança, mais futuro”.
Dilma ganhou, boa parte da população resolveu votar nela, mesmo sem esperança de um governo que avançasse, mas temiam retrocessos provocados por medidas de um governo tucano.
Pois é, se 2015 era o futuro, então já chegamos nele, agora o governo não pode mais acusar seus adversários pelos retrocessos vindouros, pois o pacote de maldades já foi aberto e ainda pode trazer mais surpresas.
Ao limitar o acesso de milhões de brasileiros ao Seguro-Desemprego, ao Abono Salarial, ao Seguro-Defeso e às Pensões, o governo está privando a parcela mais vulnerável da população de benefícios que lhes eram assegurados. Não podemos esquecer que as medidas estão sendo tomadas porque o próprio governo com suas medidas de redução de alíquotas e desonerações deixou de arrecadar cerca de R$ 200 bilhões a título de renúncia fiscal. Repetindo a velha prática de privatização do lucro e socialização da dívida.
Antes de penalizar os trabalhadores e estudantes o governo deveria procurar respostas e soluções para seus dilemas onde realmente está o problema, que é nas medidas do próprio governo que optou por uma mega máquina administrativa que mais parece uma hidra com seus diversos ministérios e secretarias especiais, alguns com atuação insignificante, com ministros sem nenhum perfil para as funções que ocupam, servindo apenas para empregar a horda de comissionados da “base aliada”, já a reforma tributária e fiscal é quase um consenso universal sobre a necessidade de fazê-la, e isso não pode ser deixado para depois, o governo precisa enfrentar, é preciso colocar em prática a taxação de grandes fortunas previsto na constituição de 88 e que a décadas tramita no Congresso, rever a tabela do imposto de renda e se for o caso até trazer de volta a CPMF “amarrando” para que dessa vez seja totalmente aplicado na área que for aprovado, no entanto isso só vai resolver se for uma reforma justa que procure fazer com quê quem ganha mais pague mais.
O governo também precisa dar uma resposta para os escândalos de corrupção, além da corrupção no setor privado que ao unir-se ao público torna o lamaçal imprevisível, o caso da Petrobrás é um exemplo da proporção, até onde se sabe é maior que o PIB de alguns países. Cabe agora a presidente agir, fazer acontecer, procurar acabar com a ineficiência, auditar a dívida, os contratos, cortar vantagens e salários dela e de comissionados, propor uma legislação mais dura contra a sonegação, sei que estou propondo cortar a própria carne, vão dizer que isso vai reduzir a base, eu sei, mas o futuro depende disso.