Novo Jornal – O governo do estado deve começar a construir, ainda neste ano, uma ponte sobre o Rio Jundiaí, em Macaíba – ligando a BR-226 à RN-160 – para tentar desafogar o fluxo de veículos na ponte de Igapó, em Natal. A medida, reconhecem os técnicos responsáveis, não substitui a necessidade de uma terceira ponte na zona Norte da cidade. O estado já conta com um estudo de traçado da estrutura, mas o custo de quase R$ 1 bilhão ainda inviabiliza o projeto. Não há sequer idéia de quando ele poderá sair do papel.
O anúncio da nova ponte foi realizado ontem (28) pelo representante do Departamento de Estradas e Rodagens do Estado (DER/RN), Caio Múcio Pascoal, em audiência pública da Câmara Municipal a respeito da terceira ponte, além de reparo na estrutura de Igapó e conclusão das alças de acesso da Newton Navarro.
A ponte em Macaíba, por enquanto, seria a mais viável, segundo o técnico. Ela já conta com projeto e recursos garantidos através do Plano Plurianual. Um termo de referência está sendo preparado para a licitação. Com 70 metros de comprimento, a estrutura custaria R$ 17 milhões. Entretanto, o governo ainda investiria mais R$ 23 milhões na recuperação e ampliação da capacidade da RN 160. O custo total é de R$ 40 milhões. “Teremos R$ 3 milhões já esse ano e o restante em 2016”, afirmou. “Ela não resolve a situação, mas faz uma ligação entre esses municípios e desafoga a ponte de Igapó. Vai ligar Macaíba com a RN 160, com o gancho de Igapó e São Gonçalo”, acrescentou.
Dados da Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU) dão conta de que 78 mil veículos passam diariamente pela ponte de Igapó. Entretanto, o secretário adjunto de Trânsito, Walter Pedro da Silva, alerta que ela fora concebida para receber fluxo de 60 mil veículos dentro de 24 horas. A ponte Newton Navarro, com apenas sete anos de uso, já opera com cerca de 60% de sua capacidade instalada – lá passam 38 mil veículos por dia, quando a capacidade é de 60 mil. A estrutura foi projetada para atender o fluxo nas duas décadas seguintes à sua conclusão.
A necessidade de uma terceira ponte ligando a zona Norte de Natal ao restante do município, portanto, ocorre devido ao crescimento da cidade e do fluxo entre as regiões. Um estudo elaborado inicialmente pela prefeitura e posteriormente enviado ao governo estadual, visa a construção de uma ponte saindo da avenida Juvenal Lamartine (na continuação do viaduto do Baldo) com chegada na avenida Itapetinga. A obra, entretanto, custaria R$ 1 bilhão. Um dos motivos seria o tamanho da ponte: cerca de 5 quilômetros. Ela teria que passar por cima de uma extensa área de mangue. Além disso, teria de ser mais alta para viabilizar a passagem de navios. “É uma estrutura muito grande, que exige muito dinheiro”, avaliou o representante do DER. A Secretaria de Mobilidade Urbana já estuda até novas linhas de ônibus na região. Fora isso, ainda não há nada concreto – nem previsão de quando a idéia poderia sair do papel. O governo afirma que o projeto já foi levado à Brasília, com o objetivo de conseguir recursos federais.
O diretor do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Jean-Paul Prates, estranhou o custo da ponte e defendeu que seja recalculado “a preços de hoje”. “Essa ponte é a melhor opção. Não é importante apenas para a cidade. É uma estrutura para o estado, para acesso ao porto que defendemos naquela região. É importante para o aeroporto, para a ZPE (Zona de Processamento de Exportação, ou seja, a integração dos modais, um projeto logístico”, colocou.
Para o engenheiro José de Arimatéia Fernandes, da associação de engenheiros do estado, a ponte, no local indicado, não daria certo. “É o lugar mais distante. Atravessa um mangue. Tudo isso é um custo muito grande. Acredito que a ponte em Macaíba já pode resolver esse problema”, avaliou.