Quantos macaibenses estão preparados para esses empregos gerados pela ZPE? Mais uma vez as pessoas de fora ficarão com as vagas?

Em 1986, quando estudava na então escola municipal Dr. Severiano, participei de uma palestra do deputado federal Henrique Alves sobre a implantação da Zona de Processamento para Exportação – ZPE, em Macaíba. Na ocasião se falava que as indústrias transformariam o município e que a cidade logo ultrapassaria Mossoró em importância econômica.

Anos mais tarde, o então prefeito Luizinho expropriou terras às margens da BR-304, no trecho que liga Macaíba a Parnamirim, e teve início o processo de industrialização. Milhares de empregos diretos e indiretos foram criados, milhões de reais foram gerados e distribuídos no comércio estadual, nacional e até internacional, pois algumas empresas importaram máquinas e equipamentos de outros países.

Macaíba, palco de todo esse progresso, não desfrutou de muita coisa. O ex-prefeito Luizinho havia fixado na lei que criou o parque industrial, que uma porcentagem das vagas de emprego seriam preferencialmente destinadas aos macaibenses. O prefeito Dr. Fernando alterou a lei e substituiu a palavra preferencialmente por obrigatoriamente. As empresas passaram a ser obrigadas a empregar pessoas de Macaíba.

O detalhe a ser lembrado é que empresa existe para dar lucro aos seus acionistas. E precisa de mão de obra qualificada. Por isso, menos de 10% das vagas são ocupadas por macaibenses.

As ZPE’s foram implantadas em vários lugares do planeta, como a China e a Coreia, por exemplo. Nesses países a industrialização foi acompanhada de investimentos na educação e em programas intensivos de qualificação profissional. Nos últimos dez anos no Brasil foram inaugurados mais de 230 institutos federais de formação tecnológica, como o IFRN. Também foi criado o Pronatec. Milhares de cidadãos estão sendo qualificados para atender as necessidades das indústrias.

Há em Macaíba um fato preocupante. A falta de interesse por qualificação profissional. O Senac desta cidade perdeu na última década dezenas de cursos por falta de alunos. Alguns desses cursos eram totalmente gratuitos.

O Pronatec que funciona nas salas da Escola Agrícola de Jundiaí tem a quantidade suficiente de alunos somente até a data do pagamento da ajuda de custo que o governo federal disponibiliza. Então começa a evasão, na verdade uma debandada geral.

Grande parte dos alunos dão mais importância à ajuda de custo do que aos conhecimentos que podem ser adquiridos. E deve ser levado em conta que as salas de aula são confortáveis e os equipamentos e professores são de alto nível.

Quantos macaibenses estão preparados para esses empregos gerados pela ZPE?

Mais uma vez as pessoas de fora ficarão com as vagas?

Há mais um problema a ser considerado: muitas pessoas já estão migrando para Macaíba devido a essa industrialização. Isso provoca uma imediata carência por serviços básicos de saúde, educação, transporte, saneamento e água encanada, entre outros.

É urgente despertar para essa realidade. Geração de renda é sempre uma coisa positiva, mas é necessário estarmos preparados para tirar proveito.

Trouxemos essa matéria do ” O RN Tem” porque ela traz um questionamento importante e relata a real situação dos cursos profissionalizantes.

Administrador