Andriele Mendes
Vicente Neto
Repórteres
O Rio Grande do Norte é o segundo estado do Nordeste com pior distribuição de riquezas e o oitavo do país. Na Região, fica atrás apenas do Ceará, sexto pior do Brasil. Estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Norte subiu 57,48%, passando de R$ 22,9 bilhões para R$ 36,1 bilhões, mas que quase 60% de toda a riqueza produzida pelo Rio Grande do Norte continua concentrada em cinco municípios: Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Mossoró e Guamaré – os dois últimos grandes produtores de petróleo. O cenário é praticamente o mesmo que o observado em 2007, considerando o volume da produção e o preço dos produtos ao longo dos anos.
O Índice de Gini, que mede o grau de concentração da distribuição e atribui notas que variam de 1 para estados com desigualdade máxima a 0 para os com perfeita igualdade, mostra, por sua vez, que embora tenha avançado em termos de produção de riquezas entre 2007 e 2011, o Rio Grande do Norte não conseguiu se tornar um estado mais igualitário. O RN recebeu nota 0,794 em 2011, segunda pior desde 2007.
“O Índice revela que há uma concentração de riquezas muito forte em alguns municípios. Isso não é bom para a economia do Estado. O ideal é que a pontuação obtida pelo RN ficasse mais próxima de zero, o que demonstra perfeita igualdade, mas a do RN está em torno de 0,79”, observa Aldemir Freire, economista e chefe do IBGE no Rio Grande do Norte.
Só Natal, município com maior PIB na escala estadual, concentra 33,98% das riquezas produzidas pelo RN, o que corresponde, em valores absolutos, a R$ 12,26 bilhões dos R$ 36,1 bilhões da soma total. Mossoró e Parnamirim seguem logo atrás, com 10,85% e 7,51% do bolo total, respectivamente.
Cento e quarenta e sete dos 167 municípios potiguares perderam participação na soma de riquezas produzidas estado, o que é visto como preocupante pelo chefe do IBGE no RN. “Quanto mais a riqueza e produção é distribuída, mais forte será a economia do estado”, analisa. O contrário também é válido.
A saída para reverter esse cenário e tornar o Estado mais igualitário, em termos de distribuição de riquezas, segundo Aldemir Freire, seria fortalecer a economia dos outros municípios e pensar políticas de desenvolvimento para outras microrregiões do Rio Grande do Norte. “Só assim evitaria-se uma maior concentração”.
Grande Natal
Embora tenha perdido participação no PIB do Rio Grande do Norte, Natal continua figurando no ranking como município com maior Produto Interno Bruto do RN. O Município que perdeu quase dez pontos percentuais de participação entre os anos de 2007 e 2011 mantém o posto de 7º maior PIB do Nordeste e 20º maior entre as capitais do país.
Sem espaço para novas indústrias, Natal tem assistido a instalação de novas empresas no seu entorno. O movimento que beneficia municípios como Parnamirim e São Gonçalo do Amarante deve ficar ainda mais intenso nos próximos anos, segundo Aldemir Freire, economista e chefe do IBGE/RN. Reflexo desse processo, a participação do PIB desses dois municípios no bolo total do estado passou de 4,98% e 2,29% para 7,51% e 3,64% respectivamente. “A economia desse dois municípios se tornou mais dinâmica com o ‘transbordamento da Região Metropolitana’”, observa.
O QUE
Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante determinado período de tempo, geralmente um ano. O PIB é um dos principais indicadores para medir a atividade econômica do lugar.
Tribuna do Norte