Ricardo Stuckert/Instituto Lula |
A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu investigação criminal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suposto tráfico de influência nacional e internacional em defesa dos interesses da empreiteira Odebrecht.
Uma portaria publicada no dia 8 de julho e divulgada nesta quinta-feira 16 transforma a chamada “notícia de fato” – fruto de ilações de uma reportagem de maio da revista Época – em um procedimento investigatório criminal (PIC). Com isso, o Ministério Público fica autorizado a realizar pedidos de investigação mais amplos, que dependem de autorização da Justiça para serem levados a cabo.
A procuradoria acolhe a hipótese levantada pela Época de que Lula teria a intenção de influenciar agentes públicos estrangeiros, especificamente dos governos da República Dominicana e de Cuba.
O ex-presidente Lula, por meio de sua assessoria, disse que todas as informações e documentações solicitadas pela procuradora Mirella Aguiar foram enviadas ao MPF-DF dentro do prazo estipulado.
“Entendemos que a função do Ministério Público é investigar, e temos a certeza da lisura e da legalidade de todas as atividades do ex-presidente”, afirma a assessoria.
A investigação estava a cargo da procuradora Mirella Aguiar. Foi ela quem havia solicitado as informações ao instituto. A investigação, contudo, foi aberta por outro procurador, Vantan Timbó Martins Mendes Furtado.
O instituto lembra ainda que todas as viagens do ex-presidente foram divulgadas à imprensa por e-mail, site e redes sociais, mesmo Lula não exercendo cargo público. Sem cargo, o ex-presidente não tem a obrigação de divulgar suas viagens para o exterior, embora mesmo assim o faça.
Em relação às palestras promovidas por empresas nacionais ou estrangeiras, o instituto já havia afirmado que “Lula é remunerado, assim como outros ex-presidentes que fazem palestras”.
O Instituto Lula nunca negou ter recebido doações da Odebrecht e a empresa nunca negou ter concedido este apoio. A doação de empresas a institutos de ex-presidentes é corriqueira. O Instituto Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, recebeu doações de dezenas de empresas, entre elas a própria Odebrecht, a Camargo Corrêa e a Sabesp. A companhia de saneamento controlada pelo governo estadual do PSDB e cujo faturamento vem de contas pagas pela população (e, portanto, dinheiro público), depositou R$ 500 mil nos cofres da entidade do ex-presidente tucano.
Carta Capital